Entrevista com Ministro Sérgio Motta


16 JUN 1996



Fonte: O Estado de São Paulo
Entrevista com o Ministro das Comunicações
Sérgio Motta em 16 de junho de 1996


- A Embratel está informando que se estuda a possibilidade de imposição de uma tarifa especial de comunicações para os usuários da Internet. Sempre que uma estatal começa com esse tipo de conversa, acaba metendo a faca no bolso do cidadão. Vem faca?

- Não vem faca nenhuma. Não será criada tarifa especial alguma. Se alguém achou que podia criá-la enganou-se. O que o governo tem que fazer com os usuários da Internet é deixa-los em paz. Tem que oferecer serviços melhores e sair do campo, deixando o negócio para a iniciativa privada. É isso que será feito. Não vai subir tarifa nenhuma e a partir do ano que vem o serviço que a Embratel está prestando será assumido por outras empresas, em regime de concorrência. Só vai ficar de pé quem for eficiente.

A Embratel se incomoda quando percebe que está aumentando o número de pessoas que tiram proveito das tarifas acessíveis da Internet para cuidar de suas comunicações. Hoje se pode mandar uma mensagem para a Europa a um custo irrelevante. Isso o incomoda?

- Isso é coisa velha. Quanto mais gente se comunica, as empresas de comunicação ganham mais, porque aumenta a massa. Não adianta pensar em limitar ou dificultar o acesso à Internet. O que precisamos é de mais iniciativa privada nesse negócio, para que os brasileiros possam usá-lo aos preços dos americanos. Lá há empresas que garantem acesso ilimitado por US$ 20 por mês. Daqui a poucos meses estará em funcionamento nosso satélite privado e estamos encaminhando para a privatização das redes. Não tem conversa: nossas telecomunicações avançarão porque serão privatizadas. A concorrência baixará as tarifas e reduzirá a quantidade de idéias malucas concebidas para atrapalhar a vida do cidadão.

Em uma palavra, FFHH será reeleito?

-Será.