Cetic.br debate uso das tecnologias pelas organizações sem fins lucrativos


28 OUT 2015



Para marcar o lançamento da publicação TIC Organizações sem Fins Lucrativos 2014, o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) realizou, nessa terça-feira (27), o debate "O Terceiro Setor na Era Digital", promovido em parceria com a OAB/SP. A infraestrutura disponível nas organizações brasileiras e o uso que essas instituições fazem das tecnologias foram analisados por Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br; Carlos A. Afonso, diretor do Instituto Nupef, membro do conselho do CGI.br e presidente do capítulo brasileiro da Internet Society; Marcelo Estraviz, presidente do Instituto Doar e Cláudio Ramos, da Comissão de Direito do Terceiro Setor da OAB/SP.

Na abertura do evento, Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, destacou o protagonismo da sociedade civil no uso da Internet no Brasil. “As organizações sem fins de lucro estiveram na segunda onda de entrada na Internet, após a academia. Isso ficou claro na Eco-92, no Rio de Janeiro, onde a rede foi utilizada como meio de comunicação”, recordou. O uso da Internet para garantia dos direitos dos cidadãos foi reforçado por Carlos Afonso, que lembrou o processo de consulta pública da lei do Marco Civil da Internet e os esforços atuais em questões que envolvem a proteção da privacidade e universalização do acesso à Internet.

A importância da produção de pesquisas para compreensão sobre a utilização das tecnologias foi destacada por Alexandre Barbosa. “Os estudos são importantes não apenas para o terceiro setor, mas também para o Governo, que pode analisar os dados e tomar decisões, para os acadêmicos, que têm oportunidade de fazer investigações e correlações a partir dos resultados apresentados, além de empresários, estudantes e outros atores importantes”, considera.

Ao apresentar os principais destaques da pesquisa, Alexandre afirmou que a falta de recursos financeiros para investimento na área de tecnologia ainda é a principal barreira para adoção das TIC no terceiro setor. No entanto, para 51% das organizações que usam tecnologias, as TIC contribuem muito para aumentar a agilidade e eficiência do trabalho da entidade. Outro dado destacado por Alexandre é a presença das instituições na Internet: 26% das organizações não possuem website, mas estão presentes com perfil em rede social.

Durante o debate, Carlos A. Afonso enfatizou questões cruciais para o terceiro setor, como a certificação e criptografia nos sítios das organizações sem fins lucrativos. “Estamos vulneráveis, muitas atividades do terceiro setor são sensíveis. Não podemos abrir mão de certos cuidados para lidar com essas informações e proteger nossos direitos”, afirma. Ele lembrou que a indústria de propriedade intelectual, assim como agências fiscalizadoras com poder de polícia, tem um grande interesse de que as informações e o fluxo de determinados dados na Internet sejam facilmente localizados e retirados. “Em que medida as organizações sociais entendem e praticam a criptografia na Internet?”, questiona. Afonso destacou os esforços internacionais de criar um sistema gratuito e também reforçou a necessidade de investir em segurança na comunicação entre as entidades.

A ampliação da cultura de doação foi outro tema em discussão no encontro. Envolvido no trabalho de captação de recursos, Marcelo Estraviz lembrou que uma das grandes aflições do setor é a obtenção de dados sobre o cenário atual das organizações sem fins de lucro que permitam projetar o futuro. Ele enalteceu a realização da TIC Organizações sem Fins Lucrativos, pois “a seriedade da pesquisa gera segurança para academia e fornece diretrizes”. “É um verdadeiro aprendizado sobre o que devemos fazer e quais rumos tomar”, afirmou.

Para Marcerlo, as entidades só conseguirão resolver dilemas ao se debruçar sobre séries históricas. Ele traçou um comparativo entre as edições de 2012 e 2014 da TIC Organizações sem Fins Lucrativos e enfatizou que a fonte prioritária de recursos das organizações são os indivíduos. Marcelo também alertou para a necessidade de investir em segurança na Internet, especialmente no cenário de doações online, tópico que também foi abordado por Cláudio Ramos, que analisou s incorporação das tecnologias no cotidiano dos cidadãos e os desafios de sua adoção no terceiro setor.

TIC Organização sem Fins Lucrativos

Divulgados em janeiro, os indicadores da TIC Organizações sem Fins Lucrativos 2014 apontam que o uso das redes sociais tem se disseminado como ferramenta importante para o trabalho de organizações brasileiras. O estudo também revelou que há uma parcela de organizações não possuem equipamentos próprios, o que sugere, em muitos casos, que o trabalho é realizado com os equipamentos pessoais de seus membros e voluntários. Todos os indicadores da pesquisa, assim como artigos e análises dos resultados estão disponíveis na publicação lançada durante o debate desta terça-feira (27). Faça o download e compartilhe a leitura: http://www.cetic.br/pesquisa/osfil/publicacoes.