5ª edição do Fórum Brasileiro de IPv6 debate a transição para nova versão do Protocolo Internet
A IV Semana da Infraestrutura da Internet no Brasil, evento promovido pelo NIC.br e pelo CGI.br, teve em seu terceiro dia o V Fórum Brasileiro de IPv6. Na oportunidade, estiveram reunidos profissionais, empresas, governo e demais interessados em apresentar e discutir o andamento das ações de implantação do novo protocolo Internet - o IPv6 - no Brasil e no mundo.
O diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, realizou o discurso de abertura do Fórum, seguido pela apresentação dos dados do Registro.br e informações atualizadas sobre IPv4 e IPv6 por Ricardo Patara, gerente de recursos de numeração do NIC.br.
A participação do representante do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), João Paulo de Lima Barbosa, trouxe informações sobre o caso de sucesso da corporação. Desde 2010, o PTI iniciou o processo de implantação de IPv6 e, hoje o novo protocolo já está presente em 100% das redes de acesso e em 100% dos servidores da empresa.
A Internet das Coisas (IoT) e o IPV6
O primeiro debate do Fórum de IPv6 levantou o seguinte questionamento: será que nós estamos preparados para essa conexão de tudo por todos os lados? O analista de projetos do NIC.br, Rodrigo Regis, intermediou o painel sobre IoT que contou com a participação de Otávio Caixeta, representante do Ministério das Comunicações, Severiano Macedo Junior, da Cisco, e Erico Barcelos, da PromonLogicalis.
A apresentação de Severiano Macedo começou com um vídeo que fez os participantes refletirem sobre o passado, presente e futuro da Internet. O conceito de IoT foi apontado como uma rede de sensores ligada a objetos e dispositivos de comunicação, proporcionando dados que podem ser analisados e usados para iniciar ações automatizadas. “Existe uma projeção de 50 bilhões de dispositivos conectados até 2020 que necessitarão de endereçamento IP. Estamos migrando para um processo de automação que depende do sensoriamento e do processamento de dados em informações”, disse Macedo.
Segundo Eriko Barcelos “a partir do lançamento mundial de IPv6, em junho de 2012, a adoção do novo protocolo vem duplicando a cada nove meses. Se continuar assim, em cinco anos o tráfego global IPv6 será igual ao tráfego global IPv4”. Uma comparação também foi feita entre a arquitetura atual da IoT e a arquitetura que é desejável. Alguns dos aspectos citados para um cenário ideal são uma maior escalabilidade e segurança proporcionada pelo IPV6, além de um ambiente propício para inovação, sem altos custos de desenvolvimento e infraestrutura de datacenter. O IPV6 foi mencionado por Barcelos como o protocolo alicerce para a Internet das Coisas.
O representante do Ministério das Comunicações, Otávio Caixeta, falou sobre a Portaria 1420/2014, que promove a formulação de políticas públicas para aplicações M2M (machine-to-machine). Caixeta pontuou que o grande desafio no cenário atual da IoT e IPv6 é a criação de interfaces inteligentes.
Novidades e próximos passos para o IPv6 no Brasil
Eduardo Parajo (Abranet), Lilian Beti de Lara (Banco do Brasil/Febraban), Rodrigo Rangel (UOL), Daniel de Sousa Araujo (MPOG), Stefan Rafael (Anatel) e João Zanon (Anatel) integraram a mesa do painel que teve o objetivo de discutir os próximos passos para o IPv6 no Brasil.
Eduardo Parajo, também conselheiro do CGI.br, representante do setor empresarial, ressaltou durante o painel o incentivo do comitê e do NIC.br no processo de transição de IPv6 no País e apresentou um panorama do ponto de vista de provedores Internet no avanço desta migração. “A Abranet sempre alerta sobre os problemas com a utilização em larga escala do Network Address Translation (NAT), principalmente, em relação à segurança. Do lado dos provedores, existem diversos pilotos para pilha dupla, mesmo com acesso via rádio”. Parajo comentou ainda que o e-commerce brasileiro não avançou tão rapidamente na transição para IPv6, apesar dos convites feitos para essa discussão.
Um dos representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Zanon, falou sobre os prazos acordados com as operadoras e estratégias para a migração para o novo protocolo. “Até julho de 2015 as operadoras irão oferecer endereços IPv6 públicos aos usuários que solicitarem”. Zanon reforçou a recomendação do NIC.br para que as prestadoras antevejam no plano de numeração a reserva de endereços contíguos que permitam a entrega de um /56 para usuários domésticos e /48 para usuários coorporativos. Stefan Machado, também representante da Anatel, informou que “os dispositivos móveis devem obrigatoriamente oferecer suporte ao IPv6 a partir de junho de 2015” e lembrou que diferenças técnicas tornam IPv4 e IPv6 incompatíveis.
Lilian Beti de Lara, analista de Tecnologia da Informação do Banco do Brasil, detalhou o projeto piloto de IPv6 da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com o Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. “O projeto buscava, entre outros pontos, estabelecer trânsito IPv6 e utilizar endereçamento IPv6 e ASs próprios. Os clientes já possuíam conexão IPv6 e os bancos precisavam atender em IPv6, como já estamos atendendo hoje”.
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), representado por Daniel de Sousa Araújo, abordou o plano de disseminação do uso de IPv6 pelo Governo Federal. “Treinamentos em parceria com o NIC.br capacitaram 98 servidores do Governo Federal para operacionalizar o IPv6. A meta final para implantação do IPv6 nos órgãos e entidades públicas é setembro de 2018”, disse.
Rodrigo Rangel do UOL apresentou uma linha do tempo com o planejamento para implantação do IPv6 e suporte do novo protocolo. “Em 2012, o UOL lançou IPv6 pela primeira vez na home do portal e, este ano, já começamos a oferecer suporte IPv6 para clientes no Cloud Corp”, disse Rangel.
Ainda mais dados sobre IPv6
No período da tarde, a programação do V Fórum de IPv6 contou com um minitutorial sobre IPv6 na última milha com PPPoE – Point-to-Point Protocol over Ethernet, ministrado por Eduardo Morales, do NIC.br. Em seguida, Antonio Moreiras, gerente de projetos e desenvolvimento do NIC.br, apresentou as ações da entidade no trabalho de disseminação do IPv6. “Em 2014, 700 pessoas foram treinadas pelo NIC.br em cursos de IPv6 e 400 em cursos de boas práticas para ASs. Além disso, produzimos 26 vídeos sobre o universo de IPv6 que estão disponíveis no canal do Youtube https://www.youtube.com/NICbrvideos”, destacou Moreiras.
As informações sobre cursos, palestras e reuniões para debater temas relacionados ao IPv6 podem ser encontradas em http://ipv6.nic.br/.
O encerramento do Fórum de IPv6 ficou por conta do painel “IPv6 nas operadoras de Telecomunicações”. Participaram da mesa Joelson Vendramin (Copel), Fábio Vinicius Vidotto (GVT), Robson Wander dos Santos (Tim), Fábio Scartoni Fonseca (Vivo) e Charles Costa (SindiTelebrasil), que mediou o debate. As dificuldades de levar IPv6 para o usuário final foram mencionadas e justificadas pela falta de suporte dos equipamentos de fibra óptica no Brasil e equipamentos legados. As operadoras de telecomunicações concluíram que Dual Stack é uma estratégia limpa de transição, que permite uma transição suave para IPv6, no entanto requer o uso de CGNAT para suportar novos clientes devido ao esgotamento do IPv4. Além disso, um estudo da Cisco foi mencionado com atenção para os indicadores de que 48% do conteúdo Web no Brasil já está em IPv6 e nos EUA, 47%. Outro dado apontado é que apenas 0,11% dos usuários brasileiros acessam Internet em IPv6. Nos EUA são 10,4%, ainda segundo o estudo.
Antonio Moreiras concluiu ao final do evento que se os cronogramas e estratégias apresentados no Fórum forem cumpridos, teremos no ano de 2015 um grande salto no tráfego IPv6.
Todos os arquivos das apresentações realizadas durante o V Fórum Brasileiro de IPv6 estão disponíveis no site http://ipv6.br/forum/.
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