Formação e infraestrutura ainda são barreiras para professores conectados, indica TIC Educação 2014


21 SET 2015



Produzida pelo Cetic.br, pesquisa revela que somente 41% dos estudantes de escolas públicas usuários de Internet fizeram uso da rede na escola


Os professores brasileiros têm interesse em utilizar recursos educacionais digitais, mas nem sempre existem condições de infraestrutura e capacitação para o uso da Internet com propósito pedagógico. Essa é uma das constatações da pesquisa TIC Educação 2014, lançada nesta segunda-feira (21) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Conduzida desde 2010, a TIC Educação investiga o uso e a apropriação dos computadores e da Internet nas escolas públicas e privadas, de ensino fundamental e médio, localizadas em áreas urbanas. O levantamento foi realizado em 930 escolas no período de setembro de 2014 a março de 2015 e ouviu 930 diretores, 881 coordenadores pedagógicos, 1.770 professores e 9.532 alunos.

Para Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, “embora a infraestrutura de tecnologia de informação e comunicação (TIC) esteja avançando nas escolas brasileiras, o seu uso, bem como a sua apropriação nas práticas pedagógicas, ainda representa um desafio para projetos educacionais e políticas públicas”. De acordo com a TIC Educação 2014, para apenas 30% dos professores de escolas públicas o principal local de uso das TIC é a sala de aula, nas atividades com alunos, indicador estável em relação a 2013.

A professora Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, especialista da TIC Educação, reforça a relevância da pesquisa para a compreensão do cenário atual e as tendências do uso pedagógico das TIC nas escolas brasileiras, “sobretudo no que se refere às questões de formação de professores para o uso das novas tecnologias em suas atividades com os alunos”.

Esse tema, assim como os resultados da pesquisa, estarão em discussão, durante o IV Seminário Web Currículo e o XII Encontro de Pesquisadores em Currículo. O evento reunirá a partir desta segunda-feira, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mais de 600 educadores e pesquisadores em torno dos desafios para a integração das tecnologias digitais de informação e comunicação no currículo de formação de professores.

Escolas conectadas, velocidade limitada

A TIC Educação 2014 aponta estabilidade na proporção de escolas de áreas urbanas com acesso à Internet: 93% daquelas que possuem computadores estão conectadas à rede, sendo 92% nas escolas públicas e 97% nas escolas privadas.

Quanto aos equipamentos presentes na escola, a proporção de instituições com computadores móveis e tablets também é crescente: 79% das escolas públicas possuem computador portátil (em 2013 eram 73%) e 29% tablets (em 2013 eram 11%).

“Apesar de avanços verificados nos últimos anos, a velocidade de conexão ainda é uma das principais barreiras, especialmente se considerada a necessidade de uso simultâneo de equipamentos em uma mesma escola”, afirma Barbosa. Em 2014, 41% das escolas públicas com conexão à Internet tinham a principal conexão à rede com até 2 Megabits/s de velocidade, segundo a pesquisa. Em 2013, essa proporção era de 50%. Nas escolas privadas é menor o percentual de instituições que têm conexão limitada a até 2 Megabits/s: 21% das escolas com Internet.

Formação de professores

A maior parte dos professores de escolas públicas declaram que aprenderam sozinhos a utilizar computador e Internet (67%), enquanto que a proporção daqueles que fizeram cursos de formação específicos sobre as TIC é menor (57%). Entre os profissionais que fizeram cursos, a grande maioria (74%) pagou pelo próprio curso, em comparação às oportunidades de capacitação oferecidas por secretarias de educação ou outros órgãos de governo (29%). Entre os professores de escolas públicas com formação universitária 37% cursaram uma disciplina específica sobre o uso do computador e da Internet durante o Ensino Superior.

Outro dado relevante sobre a apropriação das tecnologias entre os professores é o crescimento do uso dos dispositivos móveis para acesso à Internet: entre os professores de escolas públicas, 64% acessam a rede por meio do celular; proporção era de apenas 36% em 2013. 

Recursos educacionais digitais

O uso de recursos educacionais digitais para o preparo de aulas ou atividades com alunos é uma atividade muito difundida entre professores, o que indica um interesse crescente pelo uso das TIC nas práticas pedagógicas. A pesquisa TIC Educação 2014 aponta, por exemplo, que 82% dos professores de escolas públicas produzem conteúdos para as aulas por meio do uso das TIC. Já o uso da Internet para publicação ou compartilhamento de conteúdos próprios a serem utilizados com os alunos é feito por 28% dos professores de instituições públicas de ensino: um aumento de sete pontos percentuais em relação a 2013.

Uso das tecnologias por alunos

Na edição de 2014, a pesquisa TIC Educação identificou que as novas tecnologias estão mais presentes no cotidiano dos alunos das escolas brasileiras, mas esse contato nem sempre se dá no ambiente da escola. São usuários de Internet (ou seja, acessaram a rede nos três meses que antecedem a entrevista) 87% dos alunos de escolas públicas urbanas. Entre os usuários, a proporção de alunos de escolas públicas urbanas que acessam a Internet por meio de telefones celulares chega a 79%.

Apesar do crescimento do acesso à Internet entre os alunos, somente 41% dos estudantes de escolas públicas usuários de Internet fizeram uso da rede na escola, sendo que o principal local de acesso segue sendo o seu domicílio (77%).

Assim como a TIC Kids Online Brasil 2014 e TIC Domicílios 2014, a pesquisa TIC Educação 2014 verifica que o uso de redes sociais é muito presente no cotidiano dos jovens brasileiros. “Porém, menos da metade dos alunos que participam de redes sociais utiliza essas plataformas para trabalhos escolares”, reitera Alexandre Barbosa.

Para ter acesso à pesquisa TIC Educação 2014 na íntegra, assim como rever as pesquisas dos anos anteriores, visite http://cetic.br/pesquisa/educacao/.

Sobre o Cetic.br

O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br é um Centro Regional de Estudos, sob os auspícios da UNESCO. Mais informações em http://www.cetic.br/.

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br

O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (http://www.nic.br/) é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil. São atividades permanentes do NIC.br coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (http://www.registro.br/), estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br (http://www.cert.br/), estudar e pesquisar tecnologias de redes e operações — Ceptro.br (http://www.ceptro.br/), produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br (http://www.cetic.br/), fomentar e impulsionar a evolução da Web no Brasil — Ceweb.br (http://www.ceweb.br/) e abrigar o escritório do W3C no Brasil (http://www.w3c.br/).

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O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (http://www.cgi.br/principios). Mais informações em http://www.cgi.br/.

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