Conectividade nas escolas brasileiras aumenta após a pandemia, mas faltam dispositivos para acesso à Internet pelos alunos, revela TIC Educação 2022


25 SET 2023



Pesquisa do CGI.br, lançada nesta segunda-feira (25), mostrou que 94% das instituições de Ensino Fundamental e Médio estão conectadas à rede, mas apenas 58% contam com computador e Internet para uso dos estudantes

O acesso à Internet está presente em 94% das escolas brasileiras que oferecem Ensino Fundamental e Médio, mas apenas pouco mais da metade delas (58%) possuem computadores (notebook, desktop e tablet) e conectividade à rede para uso dos alunos. Os indicadores fazem parte da pesquisa TIC Educação 2022 que, pela primeira vez em uma mesma coleta de dados, entrevistou gestores escolares, coordenadores pedagógicos, professores e estudantes de escolas localizadas em áreas urbanas e rurais. Conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o estudo foi lançado nesta segunda-feira (25) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

"A educação está entre os setores mais impactados pela crise sanitária provocada pela COVID-19. Com o retorno das atividades presenciais, é fundamental conhecer de forma abrangente como as escolas evoluíram do ponto de vista da conectividade e qual a percepção dos atores da comunidade escolar sobre o estado atual do acesso e do uso das tecnologias digitais em atividades pedagógicas e na gestão escolar", explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br | NIC.br.

De acordo com a nova edição da pesquisa, 99% das escolas particulares e 93% das escolas públicas possuem acesso à Internet, proporção que é de 97% entre as escolas estaduais e de 93% entre as escolas municipais. Nas áreas rurais, 85% das instituições estão conectadas. Em relação à qualidade do acesso à Internet, 52% das escolas estaduais e 46% das particulares declararam possuir 51 Mbps ou mais de velocidade da principal conexão da instituição, proporção que é de 29% nas escolas municipais.

Segundo os dados coletados pela pesquisa no início da pandemia, 52% das escolas rurais contavam com acesso à Internet, enquanto esse percentual era de 79% nas escolas localizadas no interior e de 71% entre as escolas municipais. Apenas 22% das escolas estaduais e 11% das escolas municipais possuíam velocidade, em sua principal conexão à Internet, igual ou superior a 51 Mbps.

Já quando se considera apenas as escolas que possuem simultaneamente computador e acesso à Internet para uso dos alunos, esta presença é maior entre as escolas estaduais (82%) e particulares (73%), enquanto somente 43% das escolas municipais disponibilizam ambos os recursos tecnológicos, conforme a edição 2022 da pesquisa.

Entre as escolas que oferecem computadores para a realização de atividades de ensino e de aprendizagem, uma maior presença de dispositivos foi observada nas instituições estaduais – onde 86% contam com notebook, desktop ou tablet para uso dos alunos – em escolas localizadas em capitais (79%) e naquelas que ficam em áreas urbanas (78%). Por outro lado, as instituições municipais (49%), as que estão localizadas em cidades do interior (61%) e em áreas rurais (38%) apresentam menores patamares neste indicador.

Obstáculos para a conectividade
A maior parte das instituições de Ensino Fundamental e Médio conectadas possuem acesso à Internet disponível para uso dos alunos em ao menos um de seus espaços (80%). Tanto nas escolas particulares (66%) quanto nas municipais (60%), esse acesso acontece, sobretudo, dentro da sala de aula. Já nas escolas estaduais, os laboratórios de informática (67%) e as bibliotecas ou salas de estudos (66%) são os espaços predominantes.

Entre os fatores que afetam a conexão, situações tais como o sinal de Internet não chegar às salas que ficam mais distantes do roteador (55%), a Internet não suportar muitos acessos ao mesmo tempo (50%) e a qualidade da Internet ficar ruim (41%) são as que ocorrem com maior frequência nas escolas estaduais. Nas instituições particulares, estes aspectos são também citados, mas com porcentagens inferiores: 21%, 15% e 14%, respectivamente.

Já nas municipais, o principal obstáculo apontado foi o fato de a Internet não suportar muitos acessos ao mesmo tempo (45%), seguido de o sinal de Internet não chegar às salas que ficam mais distantes do roteador (38%) e de a qualidade da Internet ficar ruim (35%).

Os docentes também percebem aspectos relacionados à conectividade como obstáculos ao uso das tecnologias digitais em atividades de ensino e de aprendizagem. A falta de disponibilidade de computadores para uso dos professores ou dos alunos na escola (84%), e a falta de acesso à Internet para uso em atividades educacionais (53%) estão entre os principais motivos para não eles utilizarem tais recursos com os estudantes. A dispersão dos alunos durante o uso de tecnologias digitais nas aulas é também citada por 46% dos professores.

Quando questionados sobre o porquê de não usar Internet na escola, os estudantes elencam ainda outros aspectos, como o fato de os professores não utilizarem Internet em atividades educacionais (64%), de a escola proibir o uso do telefone celular (61%) ou proibir o acesso à Internet para os alunos (46%).

“A apropriação dos recursos digitais por estudantes e educadores na criação de oportunidades de aprendizagem e na construção de conhecimentos é o que torna a conectividade, de fato, significativa na educação. Com base nos dados, é possível constatar o quanto a presença e a qualidade da conectividade nas escolas podem afetar as oportunidades de uso dos recursos educacionais nas atividades de ensino e de aprendizagem”, afirma Barbosa.

Formação de professores
Para 75% dos professores, a falta de um curso específico também dificulta a adoção de tecnologias digitais nas atividades educacionais com os alunos.

De acordo com a TIC Educação 2022, 56% dos professores de escolas de Ensino Fundamental e Médio disseram ter participado de formação continuada sobre o uso de tecnologias digitais em atividades de ensino e de aprendizagem nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa.

Entre as formas de acesso a esse tipo de qualificação, as oferecidas pelo governo, pela prefeitura e a Secretaria de Educação apareceram como as mais citadas por docentes da rede pública – estadual (49%) e municipal (42%). No caso dos professores de escolas particulares, prevalece a formação oferecida pela escola, em treinamentos internos (38%), ou ainda, a formação ofertada por empresas de tecnologia (30%).

O uso de tecnologias na disciplina de atuação (53%) ou na avaliação dos alunos (53%) estão entre os temas mais abordados nas formações continuadas das quais participaram. Já a formação em iniciativas de educação à distância ou híbrida, que estava bastante presente nos dados coletados com professores na edição 2021 da pesquisa, na edição 2022, foi citada por 39% dos docentes.

Apoio em situações sensíveis
Os indicadores da pesquisa revelam ainda a importância das escolas e dos educadores na educação digital dos estudantes. De acordo com a nova edição da pesquisa, 61% dos professores afirmaram ter apoiado alunos no enfrentamento de situações sensíveis vivenciadas na Internet. Entre os motivos pelos quais os professores foram procurados estão: uso excessivo de jogos e tecnologias digitais (46%); cyberbullying (34%); discriminação (30%); disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento (26%); e assédio (20%).

Entre os estudantes, em praticamente todas as faixas etárias, quase metade afirmou recorrer aos professores ou educadores da escola quando precisam de informação sobre o uso de tecnologias digitais: de 9 a 10 anos (46%); de 11 a 12 anos (43%); de 13 a 14 anos (43%); de 15 a 17 (45%); de 18 ou mais (28%).

“A TIC Educação oferece um mapeamento detalhado para a elaboração de políticas públicas que impulsionem a conectividade nas escolas e a geração de habilidades digitais entre a comunidade escolar. Assim, o CGI.br, por meio do NIC.br, oferece uma contribuição concreta para que o avanço da Internet ocorra com maior equidade no Brasil”, comentou Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.

Para conferir a lista completa de indicadores coletados pela pesquisa, visite: https://cetic.br/pt/pesquisa/educacao/indicadores/.

Sobre a pesquisa
Realizada desde 2010, a pesquisa TIC Educação tem o objetivo de investigar a disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas brasileiras de Ensino Fundamental e Médio, e o seu uso e apropriação por estudantes e educadores. Na edição de 2022, foram realizadas presencialmente, entre outubro de 2022 e maio de 2023, 10.448 entrevistas em 1.394 escolas públicas (municipais, estaduais e federais) e particulares. Ao todo, os pesquisadores ouviram 959 gestores escolares, 873 coordenadores,1.424 professores e 7.192 alunos.

Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br|NIC.br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios da UNESCO, e completa 18 anos de atuação em 2023. Mais informações em https://cetic.br/.

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provêm de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte:  Registro.br (https://registro.br/), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br/), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br/) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.

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